sexta-feira, 30 de maio de 2025

A Rua Como Escolha: Quando a Calçada Vira Casa

 



Muitas vezes, ao falar de moradores de rua, nos limitamos ao olhar da piedade ou do julgamento. Supomos que toda pessoa sem teto quer, ou deveria querer, sair dessa condição. Mas e se, para alguns, essa vida já não for mais uma fase — e sim um estilo de vida?

É difícil aceitar que alguém possa ter escolhido a rua, ainda que essa escolha tenha vindo de um acúmulo de dores, decepções e portas fechadas. Mas a verdade é que o ser humano se adapta ao que vive, e com o tempo, começa a chamar de lar o que antes era só passagem. A marquise vira teto, o cobertor doado vira aconchego, a rotina da praça substitui o relógio de ponto. Há quem viva assim há anos — não mais esperando uma salvação, mas defendendo o pouco que conquistou no asfalto.

Isso não significa romantizar o abandono. É entender que a realidade das ruas não se resume à fome ou ao frio. Existe um universo próprio, com regras, laços, convivência e até certo senso de pertencimento. Muitos rejeitam abrigo não por orgulho, mas porque já tentaram se encaixar no que a sociedade oferece e foram descartados. Outros nem tentam mais. Criaram suas próprias rotinas, decidiram não depender de normas, não obedecer a um teto que cobra silêncio, hora pra dormir ou documentos em dia.

E assim como quem escolhe o campo, a praia ou a cidade grande, tem também quem fique na rua por se sentir mais livre, mais dono de si. Porque a rua, apesar de dura, oferece uma forma crua de liberdade. Pode parecer contraditório, mas tem gente que encontrou mais dignidade dormindo no chão do que mendigando respeito entre quatro paredes.

É claro que existem milhares em situação de rua que desejam sair dela, e precisam de políticas públicas urgentes para isso. Mas há também aqueles que não querem mudar — ou não veem por que deveriam. A vida os moldou de um jeito que o mundo “normal” já não serve mais. E quem somos nós para dizer que a vida deles está errada?

A gente se adapta ao que escolhe, e com o tempo, passa a defender essa escolha como um território conquistado. Talvez os moradores de rua estejam nos mostrando isso sem dizer uma palavra: que viver também é aprender a se abrigar do jeito que dá, mesmo que seja embaixo de uma ponte. Porque nem sempre a casa é onde mora o conforto — às vezes, é só onde mora a coragem de continuar.


quinta-feira, 29 de maio de 2025

“Saúde Que Lute, o Que Importa É o Piseiro”

Ah, nossa amada cidade! Meses atrás, comemoramos o aniversário da cidade com dois dias de pura farra, cada um recheado com mais de cinco cantores — porque, claro, a prioridade é fazer o povo dançar, não andar em rua calçada. E agora, pra não perder o embalo, temos três dias inteiros de festa junina, com fogueira, forró e aquele cheiro de milho cozido misturado com promessas não cumpridas.

Enquanto isso, nas ruas das comunidades vizinhas, o calçamento tá igual promessa de político: começa, para, some, reaparece só quando dá ibope. A única coisa que avança é o mato. E o posto de saúde? Ah, uma comédia! Um médico só (isso quando aparece), e um time de enfermeiras que atuam como fiscais do padrão local: olham pra sua cara, perguntam de onde você é e decidem ali, no olho, se você merece ser atendida. Se não falar no sotaque certo ou usar o short jeans sagrado com a blusinha de malha justa, já era. Dizem que seu nome não tá na ficha sem nem olhar. Haha típico .

Isso aconteceu comigo, 2022. Fui tomar a vacina da COVID, inocente, achando que era cidadã como qualquer outra. Esqueci que aqui atendimento é por afinidade, não por necessidade.

Ah, e se por um milagre você for atendida e o médico te pedir exames... já prepara o coração. A média de espera é de 10 a 11 meses. Isso mesmo: quase um ano pra saber se tem algo errado com sua saúde. Até lá, vai que o problema se resolve sozinho — ou você morre antes, o que economiza pro SUS.

Desde então, Seabra virou minha capital oficial. Faço tudo por lá. Porque, me perdoem os patriotas da terrinha, mas esse lugar não vai pra frente enquanto as vagas de emprego forem preenchidas por “primas da prima da cunhada” que mal sabem ler, quanto mais falar com alguém sem grosseria. Só ocupam espaço e barram quem realmente entende do que tá fazendo.

Depois de quase cinco meses por aqui, entendi direitinho o estigma: "baiano é preguiçoso". Não somos todos, claro. Mas a cultura do “deixa assim mesmo”, do “resolve depois”, do “mas vai ter festa, viu?”... essa aí pega. A gente adora tudo mastigado, e qualquer espantalho que sorria já nos engana.
Falta calçamento? O hospital tá em obras há mais de dois anos? Bota trio elétrico, chama umas bandas, enche a praça de som, e pronto: anestesia coletiva. O povo bebe, dança e acha que tá tudo certo.
Então é isso. Viva as festas juninas! Viva os dois dias de aniversário da cidade! Viva a ilusão bem embalada, com bandeirinha colorida e licor debaixo do braço. Porque aqui, se a realidade incomoda, a gente toca um forrozinho e faz de conta que tá tudo bem.

Manual de sobrevivência para almas inquietas em cidades pequenas.

Acordei entediada. De novo.
Não é sono, não é preguiça, não é falta de café — é tédio mesmo. Um tédio tão denso que podia ser cortado com uma faca cega dessas que só servem pra passar margarina. E o pior: acordei assim num lugar que tem CEP, mas não devia nem ter nome.
Chamar isso aqui de “cidade” é um exagero digno de novela mexicana. Aqui não tem vida, tem manutenção de existência. Acorda, respira, reclama do calor, olha pro celular, não tem nada, olha de novo, ainda nada. Sai na rua, vê sempre as mesmas três almas penadas que fingem ser gente feliz no Instagram. Ate a fofoca morreu, mas isso também não iria acrescentar em nada.
Parei de beber. Não por moral, mas por pura lógica: o álcool me dava a falsa sensação de que a vida era interessante. Só que agora nem isso. Me entorpecer pra acordar no mesmo quarto, com a mesma parede descascada e o mesmo feed cheio de casal clichê postando “meu porto seguro”? Ah não, obrigada. Tô sóbria e miseravelmente lúcida.
E olha que beleza: com a sobriedade vem o bônus — a consciência plena de que amanhã vai ser igual.
Ninguém fala disso. Todo mundo finge que está tudo bem. E se você ousa dizer que tá entediada, cansada, angustiada, sempre tem uma iluminada do grupo do WhatsApp que solta um “ah, mas agradece, podia ser pior”.
Sim, podia. Eu podia estar num lugar pior. Tipo… aqui.

Se eu for na padaria, encontro a mesma senhora que fala da vida de todo mundo. Se eu for na farmácia, o atendente me chama pelo nome e pergunta se “é a mesma de sempre” (como se fosse normal ter remédio fixo igual assinatura da Netflix). Se eu andar três quarteirões, já dei a volta no mundo. E aí volto pra casa com uma sensação horrível de que estou parada no tempo, só envelhecendo de corpo, enquanto a alma bate na parede querendo ir embora.
Eu queria movimento, queria caos, queria gente estranha, queria ver um desconhecido bonito na rua e nunca mais cruzar com ele. Queria ter onde me perder, porque aqui eu já me acho de olhos fechados. Sempre no mesmo lugar, sempre na mesma falta de coisa.
E eu sei, tem gente que gosta. Que ama essa “paz”, essa “tranquilidade”. Mas eu não fui feita pra isso.
Esse lugar me cansa. Me esvazia. Me drena.
E o pior? Nem barulho tem. Só o som do tédio berrando dentro de mim.

quarta-feira, 28 de maio de 2025

EP 2 - Selva de pedras, coração de concreto

 O que eu vi quando todo mundo olhava para frente 



Eu tinha acabado de chegar em São Paulo. Fazia poucos meses e tudo ainda era novidade. A cidade gigante, os prédios absurdos, as luzes, os cheiros, as pessoas — tudo em excesso, tudo vivo. Fui ao centro, como quem quer conhecer o coração de SP. E que coração estranho.

Tantas coisas bonitas. Arquitetura imponente, lojas, música, comida por todos os lados. Era tudo tão rápido. Um entra e sai de gente, passos apressados, olhos grudados nos celulares, nos relógios, nos próprios mundos. Mas no meio desse movimento todo, o que mais me chamou atenção… foi o que estava parado.

Os moradores de rua.

Eles estavam ali, como se estivessem presos numa outra velocidade. Em câmera lenta, enquanto o resto da cidade parecia acelerado em 2x. Cobertores rasgados, sujos, corpos deitados no chão frio, olhares perdidos. Não havia urgência neles. Nem pressa. Nem direção. Só existência.

E o mais estranho é que ninguém os via. Ou fingia não ver. As pessoas desviavam como se fossem postes, obstáculos. E seguiam. Rápidas, eficientes, focadas. Ninguém parecia se perguntar: quem são essas pessoas? Por que estão aqui? O que aconteceu com elas?

São Paulo não era a cidade das oportunidades?Passei por um, por outro. Um cachorro ao lado. Um papelão improvisado como cama. Um saco de roupas. Um pedaço de pão seco na mão. E a vida… continuava.

Quando cheguei em casa, não estava mais tão maravilhada. A tal “selva de pedra” começou a fazer sentido. Onde o filho chora e a mãe não vê. Onde a dor é abafada pelo barulho. Onde o que incomoda é simplesmente ignorado.

Mas São Paulo também é isso: o berço de maloqueiro bom, como dizem. Gente que luta, que corre atrás, que resiste. Inclusive eles. Os que dormem na rua. Os invisíveis. Porque não escolheram lutar do lado certo ou do lado errado — escolheram viver. Da forma mais difícil.

E, pensando bem… talvez eles tenham menos preocupações que a gente. Não pagam boleto, não batem ponto. Mas a luta deles é outra. É interna. E a mente, ah… a mente não tira folga. Trabalha 24 horas, sem hora extra, sem fim de semana. Lutar com o mundo já é difícil, mas lutar com você mesmo é mil vezes pior.

Essas pessoas são guerreiros. Guerreiros de si mesmos. Das batalhas silenciosas, das dores que ninguém quer ver, da invisibilidade, da fome, do frio, da sede, do calor, da vida.


EP 1 -Além da sujeira


 É fácil desviar o olhar. Mais fácil ainda é julgar. Os moradores de rua incomodam a paisagem, atrapalham o caminho apressado, causam desconforto por serem a lembrança viva de tudo que fingimos que não existe. Gente que perdeu o chão — às vezes aos poucos, às vezes de uma vez só. Gente que já foi como nós, e talvez ainda seja, só que do lado de fora da vitrine.

Ali, no meio do concreto, entre restos de papelão, a dignidade vai minguando junto com a esperança. Eles não sonham mais com estabilidade, carreira ou futuro — apenas com a próxima refeição. Um banho quente. Um rosto que não os veja como bicho. A rua se torna o lar porque todas as outras portas se fecharam.

Mas e nós? Que nos olhamos no espelho e tentamos disfarçar o cansaço com mais uma meta, mais um diploma, mais um “like”? Somos mesmo tão diferentes?

Vivemos num ciclo doentio: correr atrás do que não precisamos, exibir o que não somos, comprar o que não podemos, competir para manter o lugar numa corrida que não leva a lugar nenhum. O vício de ter. A roda gira, gira, gira. E dentro dela, nós. Robôs movendo engrenagens.

“A ânsia de ter e o tédio de possuir.” A frase é de Gustavo Barroso, e define perfeitamente o que nos tornamos. Alcançamos o que tanto queríamos e, logo depois, sentimos o vazio. É por isso que o processo importa mais que a conquista. É o que nos mantém vivos. Ou pelo menos distraídos da falta de sentido.

Os moradores de rua já passaram por isso. Já tentaram. Já correram. Até que cansaram. Ou foram empurrados. Ou tropeçaram e não houve quem estendesse a mão. Eles estão ali, não por escolha, mas porque o sistema não comporta os fracos, os doentes, os que falharam em performar o sucesso.

E a pergunta que fica é: somos melhores por estarmos do lado de cá? Ou somos apenas marionetes bem arrumadas de uma engrenagem desumana?

Talvez fôssemos mais felizes antes de tanta modernidade. Quando bastava caçar, colher, comer, viver. Quando o mundo era difícil, mas não cruel. Hoje, a busca por funcionalidades pra preencher vazios que não têm nome virou obrigação. E, no fim, seguimos todos exaustos, vazios e fingindo que está tudo bem.

A diferença entre nós e eles pode ser menor do que gostamos de admitir. E talvez, no fundo, o que mais nos incomoda neles… seja ver o quanto ainda há de nós ali.


Entre Dor e Dignidade: O Haiti Que Habita em Mim”

 Falar sobre o Haiti é abrir uma fresta no peito. É impossível pensar naquele país sem sentir um nó na garganta. Durante muito tempo, nos ensinaram a vê-lo apenas pela dor, pela miséria, pelas tragédias. Mas o Haiti é muito mais do que as manchetes contadas de fora. Muito mais do que querem que a gente veja.



A partir da história — e da oportunidade de conhecer de perto o país e seu povo — me senti em casa entre eles. Me envolvi com a culinária, com a língua, com os costumes. Em cada canto, algo me puxava pra mais perto, como se eu já tivesse pertencido àquele lugar antes mesmo de chegar. O povo haitiano carrega a história no sangue e, no rosto, uma expressão de força que talvez nem eles saibam que têm. Não é aquela força de propaganda, superficial, que romantiza a dor. É uma força ancestral, silenciosa, que se manifesta no gesto simples de continuar. E continuar, no Haiti, é um ato político.

É impossível falar do Haiti sem falar da luta constante por soberania. Um país que pagou caro demais por ter sido o primeiro a se libertar da escravidão. Desde então, nunca deixaram o Haiti em paz. Potências estrangeiras, ocupações disfarçadas de ajuda, ingerências políticas, interferências econômicas, tudo sempre muito bem maquiado. É um povo esmagado pela ausência de oportunidades, abandonado nas “favelas” — nos bairros mais pobres — onde falta tudo, menos dignidade. Um lugar onde o crime não nasce do mal, mas da miséria e do abandono. Onde a sobrevivência se torna um desafio diário, enquanto os olhos do mundo fingem não ver, ou escolhem ver apenas o que convém.

E mesmo assim, o Haiti floresce. Há beleza no Haiti. Muita. Está na música que ecoa pelas ruas, nos pratos apimentados cheios de sabor e história, na forma como se dança, se celebra e se resiste. Está nas crianças que correm descalças, mas com os olhos mais vivos que já vi. Está no riso alto, no abraço quente, no jeito de acolher quem chega. E está, sobretudo, na fé inabalável de quem acredita que ainda há um amanhã.

Foi também por isso que doeu tanto perder o presidente Jovenel Moïse. O assassinato dele me atravessou. Ele era um homem que começou a fazer diferença, que se recusava a abaixar a cabeça para o jogo sujo que quer manter o país de joelhos. Não se curvou, e por isso, muito provavelmente, foi morto de forma covarde. Sua morte foi mais uma ferida aberta na alma de um povo que já sangra há séculos, mas que ainda assim se recusa a morrer.

Sabe quando alguém te chama de guerreira? Às vezes penso que nem sabem o peso dessa palavra. Eu não sou guerreira — eu apenas vivo. Mas o povo haitiano, esse sim, sobrevive. E como já é do conhecimento de todos, eles suportam, enfrentam e seguem em frente. Muitos, quando não aguentam mais, partem. Cruzam fronteiras em busca de dignidade, levando consigo o que têm: esperança, coragem e identidade. Enfrentam o preconceito, o racismo, a xenofobia — mas seguem. Porque desistir nunca foi uma opção.

Eles não carregam apenas pele preta e força física. Carregam caráter. Alegria de viver. Uma dignidade que insiste em florescer, mesmo quando o mundo parece querer enterrá-la. É impossível olhar pra eles e continuar sendo a mesma pessoa.

Foi o Haiti que me mostrou que resistência é mais do que discurso bonito. É prática diária. É levantar todos os dias sabendo que o mundo espera que você desista — e mesmo assim seguir. Se algum dia eu esquecer quem sou, é nas histórias do Haiti que vou me lembrar. 


terça-feira, 27 de maio de 2025

📍 São Paulo, 2020 — Liberdade com cheiro de asfalto quente


Essa foto foi tirada em São Paulo, no ano de 2020. Um ano estranho, pesado,

marcado por distâncias e perdas. Mas, pra mim, foi também um tempo de descoberta.

Ali, entre as ruas suadas da zona sul, os ônibus lotados, os sotaques cruzando avenidas — eu me senti viva. São Paulo me deu liberdade. Com todos os seus ruídos, sua pressa e sua frieza, a cidade me abraçou.

Foi lá que, pela primeira vez, senti que cabia, E ao mesmo tempo, era estranho: estar em casa tão longe de onde nasci. Porque no resto do Brasil, mesmo com a mesma língua, eu era tratada como corpo à parte. Como alguém que só serve enquanto obedece, mas que incomoda quando pensa. São Paulo me deu anonimato — e no anonimato, encontrei espaço pra ser eu. Uma mulher negra. Inteira. Sem precisar explicar nada.

🤝 Entre haitianos, eu me reconheci

Foi nessa época que me aproximei de imigrantes haitianos. Pessoas que carregam no corpo a dureza da travessia e no rosto a firmeza de quem não se curva.

Ali eu vi força. Mas não a força forçada, masculina, colonial. Vi a força ancestral, aquela que não se explica, só se sente.

A que resiste em silêncio, a que trabalha o dobro, a que dança depois de chorar.

A que tem alma, A cultura haitiana me marcou profundamente. A forma como eles mantêm viva sua língua, sua história, sua fé. Como transformam dor em ritmo, perda em comunidade. A dignidade deles não se compra, não se negocia. É dignidade de quem sobreviveu a tudo que tentaram apagar. E ao lado deles, eu percebi uma verdade cruel:

No Brasil, eu sou brasileira só no RG. Na pele, no tratamento, nos olhares, sou estrangeira, mas ali, com eles, fui vista. E mais: fui compreendida.


🇭🇹 O Haiti tem alma. E eu carrego parte dela comigo.

Essa camiseta que uso na foto foi um presente. Não só de tecido — mas de memória, é símbolo de um tempo em que eu não precisava me explicar.

De um amor que me viu além da carne. E é por isso que essa imagem não pode ser lida como simples vaidade, ela é memória afetiva, É uma declaração silenciosa de que minha identidade vai além de bandeiras. Porque eu sou feita de travessias, de luta, de corpos que vieram antes de mim.


segunda-feira, 26 de maio de 2025

Eu sou a inspiração que ninguém vê — mas todo mundo sente


Cansei de procurar espelhos. Hoje, eu sou a mulher que eu precisava encontrar.




 Me perguntam quem me inspira, como se eu tivesse uma lista pronta, nomes pra citar, frases de efeito.

Respondo sem piscar: ninguém, não porque eu me acho inalcançável, mas porque eu já me decepcionei demais tentando seguir gente que nunca viveu o que eu vivi.

Já tentei encontrar espelho em outras pessoas.

Em mulheres fortes, equilibradas, espirituais, cheias de propósito e autocuidado.

Mas eu não sou feita de equilíbrio. Sou feita de intensidade. Sou a contradição inteira — fé e caos, silêncio e grito, paz e punho cerrado.

Talvez a única que tenha me ensinado algo real tenha sido a Rihanna, não pela carreira mas por ter se exposto, amado errado na frente do mundo inteiro, e mesmo assim continuar se amando. Aquilo me tocou. Me fez ver que amar alguém nunca deveria significar se abandonar. Mas depois disso… ninguém mais, Hoje, eu me inspiro em mim, Na forma como eu me levanto depois de cada rasteira que ninguém viu, No modo como eu continuo acreditando quando tudo diz pra parar! Na coragem de dizer “foda-se” e seguir, mesmo tremendo por dentro, eles me chamam de louca. E sabem por quê? Porque eu faço o que eles não têm coragem de fazer: viver sem pedir permissão.

Eu não me preparo. Eu apareço.

Eu não fico ensaiando frase certa. Eu falo.Não fico esperando o momento ideal. Eu crio o momento. E se der merda? A gente limpa, sacode e continua. Simples assim. Tem gente que precisa de planejamento, motivação, coach. Eu só preciso me lembrar de quem eu sou, Do que eu já aguentei, Do quanto eu já suportei calada — e do grito que hoje eu me permito soltar, Eu sou minha própria fé. Minha própria história. Minha própria chama acesa no meio da escuridão dos outros.

Não espero mais ser inspirada, Eu sou a inspiração.


sexta-feira, 23 de maio de 2025

HOJE NÃO TEM PAPO MOTIVACIONAL, NÃO TEM HISTORINHA BONITA, NÃO TEM DICA DE OURO.

 Tem só um recado curto e grosso: levanta e vai fazer o seu. Seja lá o que for. Quer treinar? Vai. Quer dormir? Vai também, mas depois resolve tua vida. Quer cozinhar, pintar, escrever, gritar, sumir? Vai. Liga o som, liga o foda-se e vai.



E só pra constar, ontem eu já fui fazer o meu. Hoje de manhã já caiu na conta. Enquanto isso, eu tava lá, com esse corpinho gostoso suando cedo na academia. Tá achando que a gata tá perdidinha, sem rumo? Hum hum, meu amor. Eu já cheguei. Graças a Deus.

Agora é fazer o de amanhã, porque hoje já é passado.

Teu foco agora é o quê? Fazer o almoço?🥗 Então levanta, gata(o), agradece e corre atrás.

Sem desculpa.

(Esse papo de ser fitness tá subindo na minha mente 🫰🏾😹😹😹)


quinta-feira, 22 de maio de 2025

CEO de Mim Mesma (e exausta disso)

Tem dias que me sinto uma grande CEO… só que da minha própria vida caótica. Tomando decisões o tempo todo, como se eu fosse dona de uma multinacional emocional. Só que sem tempo nem pra tomar um café em paz, quanto mais fazer algo por prazer próprio.

Tô vivendo no automático. Às vezes parece que não tô fazendo nada, mas tô exausta como se tivesse carregado um piano nas costas. Trabalhar de casa? Sempre sonhei. Hoje? Que bela merda. Você vira refém do seu próprio lar, e o expediente nunca acaba. Longe de mim reclamar — agradeço a Deus todo dia — mas, talvez, o que eu esteja precisando seja… férias. Com menos de cinco meses de trabalho. É isso.

O pior? Sempre tive tudo o que quis. E agora parece que não quero muita coisa. Isso, aparentemente, é um problema. Por que a mente humana se recusa a ficar satisfeita? O necessário já não basta?

Já que é assim, bora planejar minhas férias de aniversário. O detalhe: não sei pra onde ir. Tô cansada de São Paulo, tenho medo do Rio, e a Bahia… linda, sim, mas já tô aqui — e tá um tédio. Olha que saco. Nem pra fugir da rotina eu tô conseguindo direito. Tá difícil, viu?


segunda-feira, 19 de maio de 2025

Já percebeu como a gente sempre acha alguma coisa pra fazer, menos o que realmente importa?

Você senta pra escrever aquele texto, responder aquele e-mail, arrumar a vida… e de repente tá lavando colher, reorganizando a gaveta de meia ou vendo vídeo de gente que acorda às 5 da manhã pra correr. Aí vem o combo: culpa, ansiedade e aquela voz na cabeça dizendo “você podia estar fazendo algo útil”. Mas útil pra quem?

Procrastinar não é só preguiça — às vezes é medo. Medo de começar e não dar conta, de tentar e falhar, de se decepcionar. E aí a gente paralisa. Se sente um lixo por não produzir, mas também morre de medo de produzir algo ruim. Resultado? Nada acontece. E mesmo assim a gente se cobra como se tivesse que ser uma máquina de utilidade máxima 24/7. A real é que tá tudo bem não ser produtivo o tempo todo. Às vezes, o passo mais difícil não é nem fazer — é só começar. E tudo bem se não for perfeito. Pior do que errar é nunca ter tentado. Então respira, fecha o TikTok (só um pouquinho) e faz só um pedacinho. Já é mais do que nada.

E se quiser uma forcinha, aqui vão 5 passos rápidos e sem enrolação pra dar um chega pra lá na procrastinação:

1. Regra dos 2 minutos: se leva menos de 2 minutos, faz agora. Nada de deixar o simples virar monstro.

2. Técnica Pomodoro: 25 min de foco total + 5 min de descanso. Repete. É tiro curto, mas rende.

3. Tira da cabeça, põe no papel: lista tudo. Só de ver o caos organizado já dá um alívio.

4. Começa pelo mais fácil: cria ritmo. Uma tarefa feita gera energia pra próxima.

5. Se perdoa e continua: escorregou? Normal. Só não transforma um tropeço numa semana parada.

Não precisa virar outra pessoa. Só precisa começar de onde tá, com o que dá. O resto vem.



sábado, 17 de maio de 2025

Crônica #1 – Eu tô quase solteira, só falta terminar



 Sabe quando você começa a namorar achando que vai ser foda, leve, divertido… e aí cinco meses depois, você só quer SUMIR? Pois é. Eu tô exatamente nesse ponto. Tô prestes a terminar um namoro e, sinceramente, nem sei como aguentei até agora.

Pra começar: ele é chato. Não é só um "chato fofo" que se preocupa, não. É o tipo de chato que enche o saco. Fica me perguntando onde tô, com quem tô, o que tô fazendo… parece até GPS humano! E isso me irrita profundamente. Liberdade, amor? Já ouviu falar?

Segundo: não ganho nada com esse namoro. Não tem troca, não tem aprendizado, não tem crescimento. É tipo uma assinatura de streaming que só trava: você paga com seu tempo e não recebe conteúdo de qualidade.

Morar com ele? Jamais. Minha presença é muito valiosa pra eu me jogar num desequilíbrio desses. E digo mais: pra fazer a louca, eu preciso de pelo menos um pouco de reciprocidade emocional. E isso aqui tá mais vazio que geladeira de solteiro no fim do mês.

Confiança? Não rola. Eu simplesmente não sinto. E se tem uma coisa que eu aprendi na marra é: se não confia, não adianta.

E olha essa: ele quer ter filhos. Do nada filho, eu sou bem louco de ter filho com uma pessoa dessa! 

Agora… vamos falar de sexo. Ou melhor: que sexo? Porque o que acontece é um tédio total. Um saco. E ainda tem o bônus do beijo: o cara beija mal e me machuca! Eu sei que sou gostosa, meu amor, mas não precisa me engolir. Um beijo não é ataque de tubarão.

E o estilo dele… misericórdia. Eu já falei, já comprei roupa, já sugeri… e nada. Ele se veste como se tivesse perdido uma aposta. E não é falta de gosto, é falta de vontade mesmo.

Pra fechar com chave de latão: ele resolveu que eu sou a responsável pela vontade dele de voltar a viver e sonhar. OI??? Eu sou mulher, não psicóloga, nem fada madrinha.

E a cereja do bolo: ele MENTE. Mente e tenta me manipular. Mas, querido, eu não sou manipulável. Tédio, mentira, controle, beijo ruim, zero confiança… tem como isso dar certo?

Então, sim. Eu vou terminar. Porque a vida é curta demais pra estar em um relacionamento que te desgasta mais do que te acrescenta. Quero amor leve, honesto e gostoso — não um roteiro de drama.


quarta-feira, 14 de maio de 2025

Frustrações aos 29: o peso do “era pra eu já ter”

Vamos falar real: os 29 anos chegam com uma sensação meio esquisita, né? Tipo, parece que a gente tinha que já ter resolvido tudo — carreira, amor, grana, autoestima em dia, clareza sobre a vida… mas a real é que tá tudo meio no meio do caminho. E tá tudo bem, mas ao mesmo tempo, não tá.

Rola uma frustraçãozinha chata. Um “pô, era pra eu já ter…” que fica martelando na cabeça. A gente começa a se comparar com os outros, com a galera do Instagram, com o que a gente imaginou que estaria vivendo nessa fase. E aí parece que tudo tá atrasado.

Às vezes dá vontade de largar tudo e recomeçar, outras vezes parece que é tarde demais pra mudar. E aí a ansiedade aperta, o coração fica meio perdido e a cabeça não para. Mas sabe? Essa frustração só existe porque você ainda se importa. Ainda tem sonhos aí dentro, e isso é bonito pra caramba.

Tá tudo bem não saber tudo ainda. Tá tudo bem questionar, mudar de ideia, se sentir cansada. Os 29 não são sobre estar pronta — são sobre estar viva, sentindo, aprendendo. A virada vem quando a gente entende que não existe “atraso” quando a gente tá sendo fiel ao nosso próprio tempo. E se a vida não tá como você sonhou… talvez ainda esteja te levando pra algo muito mais real. 

Entre o corpo e a alma— Resquícios

Sentir, logo cedo, o pulsar do meu coração mais acelerado que antes. Ao abrir os olhos, percebo mais um lindo amanhecer. Estou imóvel por um...