Tem gente que olha pra ela e pensa: “essa aguenta tudo”.
Porque não chora em público, porque não faz escândalo, porque não vive se queixando.
Acham que ser forte é natural pra ela. Que ela nasceu pronta. Mas não enxergam o preço.
Ela não tem tempo pra “mimimi” — não porque não sente dor, mas porque se parar pra sentir, desmorona. E ninguém aparece pra recolher os pedaços.
Então ela engole, se arruma, cuida da filha, resolve os boletos, dá risada na rua e segue.
Segue como quem tem pressa, mas às vezes queria mesmo era só parar. Respirar. Ser cuidada.
Ser forte virou obrigação. Porque se mostrar frágil é abrir espaço pra julgamento. “Tá querendo chamar atenção.” “Sempre tem um drama.” “Mulher preta tem que ser guerreira.”
Ela escuta isso sem que ninguém diga. Vem no olhar, no tom, no jeito que esperam dela maturidade, equilíbrio, resistência.
Mas hoje, não.
Hoje a leonina tá sensível. Não quer ouvir “vai passar”, “você é forte”, “segue em frente”.
Ela só quer um colo quente, um silêncio seguro, um cafuné que não cobre nada em troca.
Hoje, só por hoje, ela quer existir sem armadura. Sem ter que se explicar. Sem precisar provar que dá conta.
Porque mesmo as mais fortes merecem descanso.
Mesmo as que parecem inteiras, às vezes só querem ser abraçadas por alguém que entenda:
ser firme o tempo todo também machuca.

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