Mostrando postagens com marcador crônicas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador crônicas. Mostrar todas as postagens

sábado, 28 de junho de 2025

O tipo de mulher que ele não soube lidar

 

Sentir falta de alguém não é o mesmo que estar pronto para acompanhá-lo


Ela era o tipo de mulher que não se vê todo dia. Bem arrumada, tranquila, segura. Não fazia alarde, não pedia atenção, não dramatizava. E ainda assim — ou talvez por isso — era impossível ignorá-la.


Quando ele apareceu, parecia encantado. Gostava de sair com ela, gostava de mostrar pros amigos. Tinha orgulho do que via ao lado. A beleza, a presença, a postura. Usava tudo isso como vitrine, como se ela fosse troféu, medalha, símbolo de alguma vitória pessoal.

Mas ali dentro… ele tremia.


Era o tipo de homem que queria sentir que comandava tudo — inclusive a liberdade dela. Se incomodava com as amizades, com os lugares, com as possibilidades que ela carregava.

Tinha medo. Medo de assumir. Medo de se entregar. Medo de levar um “chifre” e sair perdendo num jogo que só existia na cabeça dele.


Ela, por outro lado, não cobrava. Não sufocava. Não exigia nada.

Não queria uma prisão com nome de relacionamento. Só queria ser ela, sem precisar apagar metade da luz pra alguém conseguir ficar.


E um dia, depois de ela sair e beber mais do que devia, ele terminou. Rápido, seco, como se estivesse buscando uma justificativa pra fugir.

Logo depois, apareceu com outro relacionamento. Tatuagem nova, assumiu publicamente, como quem precisava provar algo — não pra ela, mas pra ele mesmo.


Ela não tentou voltar. Seguiu sua vida, inteira, sem pressa. Não tinha vocação pra amante. Nunca teve. E ele? Voltou a procurar.

Disfarçou a intenção com convites casuais, conversas leves, tentativas de aproximação — como se o tempo não tivesse passado, como se ainda estivessem no mesmo lugar.

Mas não estavam.

Ela havia seguido. Já estava com outra pessoa. Alguém que não a tratava como troféu, mas como presença. Alguém que não queria esconder, limitar ou controlar — só dividir a paz e somar.

E quando ele a viu com esse outro,  o orgulho dele cedeu. Foi só então que se resolveu e foi atrás novamente, porém Tarde demais.


Ele voltou achando que ela ainda estava no mesmo degrau. Mas não estava nem na mesma escada.

Achou que ela esperava no quarto onde ele tentou trancá-la — e descobriu que ela já tinha aberto todas as janelas, trocado a chave, saído pela porta da frente e ido embora com leveza.


No fim, ele descobriu o que ela já sabia:

Que quem tenta controlar o que não entende, acaba perdendo o que nunca teve estrutura pra manter.


Ele quis cuidar de alguém sem saber cuidar de si





 Tudo começou com palavras.

Não promessas formais, mas aquelas insinuações que, mesmo leves, carregam a expectativa de algo mais. Ele falava com doçura, demonstrava interesse, se mostrava disposto. E ela, por mais que estivesse cética, decidiu observar.


Não estava emocionalmente ligada a algo vago, mas também não se negava à possibilidade de viver algo bom — desde que fosse real.

Deu tempo. Se permitiu. Abriu espaço pra ver se aquilo criaria raízes.

Mas não criou.


Ele era mais velho que ela, mas emocionalmente parecia ainda em fase de construção. Havia nele uma fragilidade escondida por trás das tentativas de agradar. Um medo silencioso de perder o que, na verdade, ele nunca chegou a conquistar.


A cada dia, ela percebia mais: ele queria estar com alguém, mas não sabia sustentar esse desejo.

Talvez não soubesse nem sustentar a si mesmo.


Porque quem não se sente inteiro sozinho, dificilmente consegue sustentar o sentimento de alguém.

E ela sabia disso. Sabia que depender emocionalmente de outra pessoa pra sentir alguma felicidade é o primeiro passo pra transformar o afeto em fardo.


Teve um momento decisivo.

Ela não estava bem. Em vez de acolhimento, encontrou distanciamento. Ele não foi capaz de enxergar além da própria frustração. Estava mais preocupado com o que aquilo representava pra ele do que com o que ela estava sentindo.


E foi aí que tudo ficou claro.


Não havia espaço pra amadurecimento conjunto ali. Só o desejo de construir uma relação em cima de alicerces frágeis: carência, medo de perder, expectativa de validação.


Ela não ficou.

Foi embora com a mesma calma que entrou. Não dramatizou, não se vingou, não culpou. Apenas saiu — com a lucidez de quem sabe que gentileza não é desculpa pra imaturidade, e que amar alguém é diferente de ter que ensiná-lo a amar.


Porque ela não quer mais moldar ninguém.

Ela quer encontrar alguém que já tenha se formado por inteiro.

Alguém que, como ela, saiba viver — e não apenas se apoiar.


quarta-feira, 28 de maio de 2025

EP 2 - Selva de pedras, coração de concreto

 O que eu vi quando todo mundo olhava para frente 



Eu tinha acabado de chegar em São Paulo. Fazia poucos meses e tudo ainda era novidade. A cidade gigante, os prédios absurdos, as luzes, os cheiros, as pessoas — tudo em excesso, tudo vivo. Fui ao centro, como quem quer conhecer o coração de SP. E que coração estranho.

Tantas coisas bonitas. Arquitetura imponente, lojas, música, comida por todos os lados. Era tudo tão rápido. Um entra e sai de gente, passos apressados, olhos grudados nos celulares, nos relógios, nos próprios mundos. Mas no meio desse movimento todo, o que mais me chamou atenção… foi o que estava parado.

Os moradores de rua.

Eles estavam ali, como se estivessem presos numa outra velocidade. Em câmera lenta, enquanto o resto da cidade parecia acelerado em 2x. Cobertores rasgados, sujos, corpos deitados no chão frio, olhares perdidos. Não havia urgência neles. Nem pressa. Nem direção. Só existência.

E o mais estranho é que ninguém os via. Ou fingia não ver. As pessoas desviavam como se fossem postes, obstáculos. E seguiam. Rápidas, eficientes, focadas. Ninguém parecia se perguntar: quem são essas pessoas? Por que estão aqui? O que aconteceu com elas?

São Paulo não era a cidade das oportunidades?Passei por um, por outro. Um cachorro ao lado. Um papelão improvisado como cama. Um saco de roupas. Um pedaço de pão seco na mão. E a vida… continuava.

Quando cheguei em casa, não estava mais tão maravilhada. A tal “selva de pedra” começou a fazer sentido. Onde o filho chora e a mãe não vê. Onde a dor é abafada pelo barulho. Onde o que incomoda é simplesmente ignorado.

Mas São Paulo também é isso: o berço de maloqueiro bom, como dizem. Gente que luta, que corre atrás, que resiste. Inclusive eles. Os que dormem na rua. Os invisíveis. Porque não escolheram lutar do lado certo ou do lado errado — escolheram viver. Da forma mais difícil.

E, pensando bem… talvez eles tenham menos preocupações que a gente. Não pagam boleto, não batem ponto. Mas a luta deles é outra. É interna. E a mente, ah… a mente não tira folga. Trabalha 24 horas, sem hora extra, sem fim de semana. Lutar com o mundo já é difícil, mas lutar com você mesmo é mil vezes pior.

Essas pessoas são guerreiros. Guerreiros de si mesmos. Das batalhas silenciosas, das dores que ninguém quer ver, da invisibilidade, da fome, do frio, da sede, do calor, da vida.


sábado, 17 de maio de 2025

Crônica #1 – Eu tô quase solteira, só falta terminar



 Sabe quando você começa a namorar achando que vai ser foda, leve, divertido… e aí cinco meses depois, você só quer SUMIR? Pois é. Eu tô exatamente nesse ponto. Tô prestes a terminar um namoro e, sinceramente, nem sei como aguentei até agora.

Pra começar: ele é chato. Não é só um "chato fofo" que se preocupa, não. É o tipo de chato que enche o saco. Fica me perguntando onde tô, com quem tô, o que tô fazendo… parece até GPS humano! E isso me irrita profundamente. Liberdade, amor? Já ouviu falar?

Segundo: não ganho nada com esse namoro. Não tem troca, não tem aprendizado, não tem crescimento. É tipo uma assinatura de streaming que só trava: você paga com seu tempo e não recebe conteúdo de qualidade.

Morar com ele? Jamais. Minha presença é muito valiosa pra eu me jogar num desequilíbrio desses. E digo mais: pra fazer a louca, eu preciso de pelo menos um pouco de reciprocidade emocional. E isso aqui tá mais vazio que geladeira de solteiro no fim do mês.

Confiança? Não rola. Eu simplesmente não sinto. E se tem uma coisa que eu aprendi na marra é: se não confia, não adianta.

E olha essa: ele quer ter filhos. Do nada filho, eu sou bem louco de ter filho com uma pessoa dessa! 

Agora… vamos falar de sexo. Ou melhor: que sexo? Porque o que acontece é um tédio total. Um saco. E ainda tem o bônus do beijo: o cara beija mal e me machuca! Eu sei que sou gostosa, meu amor, mas não precisa me engolir. Um beijo não é ataque de tubarão.

E o estilo dele… misericórdia. Eu já falei, já comprei roupa, já sugeri… e nada. Ele se veste como se tivesse perdido uma aposta. E não é falta de gosto, é falta de vontade mesmo.

Pra fechar com chave de latão: ele resolveu que eu sou a responsável pela vontade dele de voltar a viver e sonhar. OI??? Eu sou mulher, não psicóloga, nem fada madrinha.

E a cereja do bolo: ele MENTE. Mente e tenta me manipular. Mas, querido, eu não sou manipulável. Tédio, mentira, controle, beijo ruim, zero confiança… tem como isso dar certo?

Então, sim. Eu vou terminar. Porque a vida é curta demais pra estar em um relacionamento que te desgasta mais do que te acrescenta. Quero amor leve, honesto e gostoso — não um roteiro de drama.


Entre o corpo e a alma— Resquícios

Sentir, logo cedo, o pulsar do meu coração mais acelerado que antes. Ao abrir os olhos, percebo mais um lindo amanhecer. Estou imóvel por um...