Os homens são indispensáveis — foi o que me ensinaram. Que eu precisava de um ao meu lado pra ser completa, pra ser respeitada, pra ser alguém. Cresci ouvindo que um bom homem é um prêmio, e que ficar sozinha é um sinal de fracasso.
Mas acontece que, enquanto eles eram ensinados a mandar, eu aprendi a fazer. A resolver. A entender. E, no meio do caminho, descobri que saber cuidar de mim não é frieza, é liberdade. Que saber dizer não não é arrogância, é filtro. Que saber ficar só não é tristeza, é autonomia.
As mulheres se tornaram autossuficientes não porque odeiam os homens, mas porque cansaram de depender deles pra existir. A gente dirige, banca a casa, levanta filho, paga conta, toma decisões, sofre e continua linda. E quando a gente escolhe um homem, é escolha mesmo — não mais necessidade.
Eles ainda são bem-vindos. Mas só se entenderem que não são mais o centro, nem o norte. São companhia, não salvação. Parceiros, não donos. Desejo, não destino.
Porque a verdade é uma só:
eles continuam achando que são indispensáveis. E a gente, cada vez mais, aprendendo a viver sem acreditar nisso.
E o mais curioso de tudo isso é observar como, nesse processo de autonomia feminina, os homens começaram a ocupar o papel que tanto desprezaram nas mulheres.
Hoje eles se emocionam rápido, se apaixonam em três mensagens, pedem atenção como se fosse obrigação e adoecem de ciúmes por qualquer olhar. Muitos estão mais carentes do que presentes, mais exigentes do que empáticos. Querem exclusividade, mas não oferecem profundidade. Querem ser prioridade, mas somem na primeira contradição.
Enquanto as mulheres aprendem a tomar iniciativa, pagar o próprio jantar e não aceitar migalhas, muitos homens têm vivido num looping de expectativa frustrada — esperando uma mulher que cuide, compreenda, aceite e, de preferência, não questione. A mãe 2.0 disfarçada de namorada.
Estão fazendo o papel de mulher? Não. Estão fazendo o papel que diziam desprezar: o de quem não sabe se sustentar emocionalmente e espera ser salvo por alguém mais forte.
Só que agora o mais forte somos nós.
E o problema não é o homem sensível, vulnerável, que se expressa. O problema é o homem emocionalmente frágil que exige sem oferecer, cobra sem dar conta, e se ofende com a firmeza de uma mulher que não se curva.
No fim das contas, os homens não estão apenas se tornando “iguais” às mulheres. Estão se tornando aquilo que sempre julgaram fraco, enquanto a gente se transforma naquilo que eles nunca foram treinados pra lidar: independentes, diretas e inteiras.

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