Um governo que quer agradar todo mundo, mas desagrada até quem não pediu nada.
Vamos começar com o básico: o atual governo parece um buffet livre de intenções — tem um pouco de tudo, mas nada realmente bem temperado. A ideia era reconstruir o país depois do caos anterior, mas até agora o tijolo mais firme foi o da decepção. A economia patina como quem calçou meia em piso molhado, e o custo de vida continua subindo com a audácia de um boleto atrasado. Prometeram proteger os pobres, mas quem sente alívio mesmo são os bancos — que seguem batendo recorde de lucros, como sempre.
Na política externa, voltamos a ser “respeitados” lá fora — mas esse respeito parece aquele sorriso forçado que você dá pra visita que só reclama da casa. O governo tenta colar a imagem de pacificador e humanista, enquanto passa pano pra regimes autoritários quando convém. Diplomacia? Talvez. Covardia disfarçada de equilíbrio? Provável. E dentro de casa, o Congresso continua um circo, só que com menos graça e mais acordões. É o famoso “toma lá, dá cá”, agora disfarçado de “articulação responsável”.
A segurança pública continua sendo um samba de uma nota só: mais polícia, mais bala, menos solução. A população preta e periférica segue na mira enquanto o Estado finge surpresa com a violência que ele mesmo alimenta. E a educação? Continua sendo um PowerPoint cheio de promessas. Os professores seguem mal pagos, mal tratados e, às vezes, até agredidos — enquanto o Ministério da Educação troca de comando como quem troca de filtro no Instagram: muda a cara, mas a bagunça continua.
Agora, sejamos honestos: nem tudo é catástrofe. A volta de programas sociais foi um alívio pra quem já tava no osso. O Bolsa Família (reformulado) continua sendo uma rede de proteção necessária. E sim, a pauta ambiental melhorou — ao menos no discurso. Pararam de queimar tudo que era verde como se o país fosse um churrasco. Há esforços pra retomar credibilidade, mas sem dinheiro e com um Congresso que boicota até luz do sol, tudo vira promessa empacada.
Em resumo, o governo atual é como aquele ex que diz que mudou, mas só lavou a cara. Melhor do que o anterior? Com certeza. Suficiente? Nem de longe. O Brasil continua preso num looping entre o medo do passado e a preguiça de enfrentar o futuro. E o povo, mais uma vez, assiste à peça tentando rir pra não chorar. Ou chora rindo mesmo — que é o que nos resta com esse roteiro tragicômico.

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