A tal liberdade não veio com gritos, veio com um sussurro. Não é fazer tudo o que quero, mas ter o poder de dizer isso aqui eu não vou mais suportar. Eu não preciso mais me convencer de que aguentar chefe escroto ou trabalho que me suga faz parte do “processo”. Foda-se esse processo. Se não me respeita, eu não fico. Se não me inspira, eu não fico. Se me adoece, eu saio.
Meu corpo também mudou, sim — e ainda bem. Aos 29, eu me olho pelada no espelho e penso: caralho, eu sou foda. Não porque alguém disse, mas porque eu sinto. Sexo hoje tem gosto de autoconhecimento. Eu sei o que gosto, como gosto, e não tenho vergonha de pedir. Ou de não querer. Transar comigo mesma virou um dos meus rolês , e sinceramente? Tô me saindo muito bem melhor agora.
E a grana? Bom, ainda não estou rica, mas também não tô mais desesperada. Liberdade financeira, pra mim, é abrir o extrato sem ter taquicardia. É comprar uma roupa porque eu mereço, e não porque tô tentando tapar buraco nenhum. Aprendi a investir, a guardar, mas também a gastar sem culpa. Trabalhei pra isso, porra.
Emocionalmente, 29 tem sido sobre fazer faxina. Eu tirei da sala os fantasmas que estavam ocupando espaço demais. E abri uma janela pra aquela menina que ainda mora em mim — a adolescente dramática, intensa, que ainda chora ouvindo música e se apaixona fácil. Ela não é um erro. Ela é a faísca. Eu só precisei aprender a ouvir sem deixar que ela dirija o carro. A minha elegância hoje não tá no salto (às vezes nem no sutiã). Tá em dizer “não” com um sorriso no rosto. Em ligar o foda-se com ternura. Em deixar de seguir quem me fazia sentir pequena. Em fazer terapia. Em dormir em paz. Em rir de mim mesma. Em me abraçar no caos sem me chamar de fracarr.
Eu ainda não sei tudo — e espero nunca saber. Mas eu entendi que viver é essa dança entre a mulher que sustenta e a menina que sonha. E honestamente? Isso é mais bonito do que eu imaginava.


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